sábado, 5 de fevereiro de 2011

Missão Voyager


A sonda Voyager 1 está saindo do Sistema Solar
As sondas Voyager 1 e 2 são os artefatos humanos mais distantes da Terra. Foram lançadas em 1977 e ainda permanecem ativas, coletando e enviando dados para o Planeta.
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E  sob outro ângulo:

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Eu já escrevi sobre as sondas Voyager em 2008 - veja aqui.
Em 2008, a descoberta revelada pelas sondas foi que a heliosfera, uma zona de influência exclusiva do Sol, tem formato alongado. Cientistas dizem que esse fenômeno ocorre por causa de um campo magnético interestelar.

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Imagem: Nasa

Agora, em 2010, a notícia é a de que a Voyager 1 está deixando a heliosfera e penetrando a região interestelar, ou seja, está deixando o Sistema Solar.
Essa conclusão foi possível porque as sondas detectam e medem a velocidade do vento solar, ou seja, das partículas emitidas pelo Sol.
Essas partículas colidem com aquelas vindas das estrelas, o que provoca a redução da sua velocidade. A Voyager 1 atingiu um ponto em que não se detecta mais vento solar, pois as partículas emitidas pelo Sol estão sendo totalmente desviadas pela radiação interestelar. Como disse Edward Stone, cientista-chefe do projeto Voyager, “o vento solar dobrou a esquina”. A rigor, a Voyager 1 revelou uma significativa mudança no fluxo das partículas vindas do sol, as quais não estão mais viajando para fora do Sistema Solar, mas movendo-se lateralmente.
Um pouco de história do programa Voyager
A nave Voyager 2 foi lançada em 20 de agosto de 1977, e a Voyager 1, em 5 de setembro do mesmo ano. Pelo projeto inicial da Nasa as naves deveriam coletar informações sobre Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, missão que foi concluída em 1989.
As sondas continuam em operação, recolhendo dados por onde passam e enviando-os à Terra. Elas estudam o vento solar, partículas energéticas da radiação cósmica, campos magnéticos e outras formas de ondas.
A energia necessária para o funcionamento das naves é obtida a partir do decaimento radioativo de uma amostra de Plutônio-238. Trata-se de um gerador termoelétrico de radioisótopos. Cálculos dos técnicos da Nasa indicam que ainda deve restar energia suficiente para manter o funcionamento das sondas até 2020.
Cultura POP e romantismo
Entre as missões do projeto, há uma inacabada. Uma que talvez milhões de anos não sejam suficientes para concluir. Há uma missão que pode durar mais tempo do que a sobrevivência da espécie humana na Terra… Há, a mais de 14 milhões de quilômetros da Terra, uma “mensagem numa garrafa”…
Explico: as precursoras Pioneers 10 e 11 carregam uma placa de metal identificando seu local e época de origem, para conhecimento de qualquer astronauta que venha a encontrá-las em um futuro distante. Seguindo esse exemplo anterior, e levando ainda mais longe o sonho de enviar uma mensagem a qualquer explorador espacial muito mais certamente não humano, as naves Voyager carregam Discos de Ouro carregados de informações.
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Imagem: Nasa

O diretor do projeto, John Casani, contratou o astrônomo Carl Sagan para dirigir o comitê de mensagens que seriam enviadas nas naves. Sagan, seguindo sugestões de Frank Drake, elaborou um disco com inscrições indicando, de um lado, a origem da nave, a localização da Terra no espaço e as instruções para utilizar o disco e, do outro lado, uma gravação semelhante às dos antigos discos de vinil, com sons da Terra, música, saudações em diversas línguas, o som de um beijo e a voz uma mãe dizendo “olá” pela primeira vez ao filho recém-nascido.
As imagens enviadas incluem natureza, continentes, pessoas, ilustrações indicando tamanhos e proporções, bem como nosso conhecimento da evolução das espécies e as diferenças entre homens e mulheres.
No site oficial da Nasa, na seção dedicada ao projeto, você pode conferir as imagens e os sons que as naves carregam para os confins do Universo. Veja aqui
Seria uma mensagem para extraterrestres. Mas também é, afinal, uma mensagem para nós mesmos. Como disse Edward Stone: “é um apelo à unificação. (…) é a nossa tentativa de dizer o que é a Terra e o que pensamos de nós mesmos”. Ressalte-se que o projeto foi desenvolvido durante a Guerra Fria.
A Voyager realizou, ainda, outro objetivo bem romântico: ela tirou uma foto da Terra.
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Uma foto apenas, mas com grande significado.

Foi ideia do genial Sagan. Apontar a câmera da Voyager para a Terra, depois de sua passagem por Saturno, e tirar uma foto. Vista de tão longe, nas palavras de Sagan, a Terra não passaria de um “distante pálido ponto azul”.
Assista ao vídeo abaixo, narrado pelo próprio Sagan, e emocione-se.
                 

Agora, imagine que uma nova Voyager será lançada. Ela levará uma mensagem para qualquer possível civilização extraterrestre ou, quem sabe, considerando o incomensurável tempo de viagem, para nossos descendentes já não mais pertencentes a nossa espécie.
Que mensagem você enviaria? O que você gostaria que eles pensassem de nós?
Referências:

Fonte: Blog de Física - Educacional

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