Projeto
da Fundação Lemann atingirá 1,2 mil alunos da capital e de Santo André.
09 de agosto de
2012 - 20h 49 – Patrícia Gomes, do Portal Porvir
Mal sabia Salman Khan, um físico formado pelo MIT, que as aulas
despretensiosas de matemática que ele postava no Youtube para ajudar seus
primos chegariam tão longe. Com vídeos curtos e simples, suas explicações
ficaram tão populares na internet que ganharam o mundo. Agora, vídeos da Khan
Academy traduzidos para o português estão chegando a mais de 1.200 alunos de
escolas municipais de São Paulo e Santo André.
Jim Wilson/New York Times-4/12/2011 - Curtos e simples, vídeos de Salman Khan foram traduzidos para o português
A
iniciativa, parceria da Fundação Lemann com a Khan Academy, reuniu os vídeos
traduzidos e contextualizados para a realidade brasileira em uma ferramenta
online. Desde o início do ano, o projeto vinha sendo testado em seis turmas de
três escolas. A partir das próximas semanas, no entanto, ele será levado a mais
sete instituições, num total de 45 turmas majoritariamente de 4.º e 5.º anos
nas aulas de matemática. “A intenção é que, no futuro, isso possa se tornar uma
política pública”, diz Daniela Caldeirinha, coordenadora de projetos da
fundação, ao apresentar o Khan Academy na Sala de Aula para os professores que
participarão do projeto durante capacitação ocorrida nesta quinta-feira, 9.
O primeiro passo em sala de aula, explica Daniela, é a criação
de login e senha para que as crianças tenham acesso ao ambiente online, onde
estão os vídeos e os exercícios. Enquanto os alunos exploram a ferramenta, o
professor consegue acompanhar, em tempo real, o porcentual de acertos dos
estudantes, o número de vezes que eles tentaram um exercício até conseguir
chegar ao resultado correto e os vídeos que eles assistiram.
“O desempenho deles melhora muito e o raciocínio lógico também”,
diz Angela Maria dos Santos, que dá aula na Emef Educandário Bom Duarte. A
turma da professora estava entre as que receberam o projeto no início do ano e
é composta por alunos vindos de famílias de baixa renda ou que moram na própria
instituição. “Eles tinham muita dificuldade nas operações mais simples, como
adição e subtração, e a ferramenta ajudou muito”, afirma.
Cada aluno da turma de Angela Maria que participa do projeto
recebeu um laptop. “No dia em que fomos entregar o computador, a Angela começou
a chamar os alunos por ordem alfabética para receber o computador. O primeiro
aluno a receber, o Alex, foi aplaudido de pé pelos colegas”, conta Daniela, que
estava na escola neste dia. A Fundação Lemann doa kits com cerca de 30 laptops
– o número varia conforme a escola, mas é calculado para que cada aluno
trabalhe com seu computador – às escolas participantes. Para facilitar o
trabalho, a organização oferece também suporte técnico para tirar dúvidas ou
dar assistência remota aos professores.
Além do apoio técnico e dos equipamentos, a fundação dá apoio
pedagógico aos professores em reuniões semanais. Nesses encontros, são
discutidas as estratégias a serem empregadas em sala de aula e discutidos os
resultados. “Não existe um único jeito de trabalhar com a ferramenta”, frisa
Daniela. Em alguns momentos, metade da turma vai estar no ambiente online,
enquanto a outra metade está desenvolvendo outra atividade. Às vezes, toda a
turma estará junta assistindo aos vídeos. Para fins de avaliação do projeto, a
fundação sugere que metade das aulas de matemática contem com a ferramenta.
Ao fim de todas as aulas, a fundação pede que os professores
entreguem um formulário de autoavaliação aos alunos. Nesse formulário, as
crianças devem dizer se fizeram a atividade, se acharam fácil, se aprenderam e
se podem ensinar a um colega. Essa última informação, diz Daniela, pode ajudar
os professores a programarem agrupamentos de alunos e trabalhos em equipe para
as próximas aulas. As turmas que participarem do projeto e algumas que não
participam e formam um grupo de controle farão uma prova antes de o projeto ser
implementado e outra ao final do ano letivo.
Veja uma das aulas de matemática da Khan Academy traduzidos para
o português:
Fonte: Estadão.com.br/Educação
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