O Brasil alcançou seu melhor desempenho de todos os tempos. Além do ouro, conquistado por Gustavo Haddad Braga, Ivan Tadeu Ferreira retornou da Tailândia com medalha de bronze.
Pela primeira vez na história da Olimpíada Internacional de Física (IPhO, na sigla em inglês) um estudante brasileiro traz para casa a mais cobiçada das classificações: a medalha de ouro. Esse mérito cabe a Gustavo Haddad Braga, aluno da 3ª série do Ensino Médio, do Colégio Objetivo. Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, da 2ª série, conquistou o bronze.
Realizada em Bangkok, na Tailândia, de 10 a 18 de julho, a IPhO reuniu cerca de 393 participantes, de 83 países, muitos deles tradicionais competidores do torneio, que é o mais desafiador dentre todas as olimpíadas científicas de Física existentes no mundo. Gustavo e Ivan submeteram-se a uma prova teórica e uma experimental, com duração de 5 horas cada uma. O exame teórico foi composto por três problemas dissertativos: um sobre eletricidade, em comemoração ao centenário do núcleo do átomo de Rutherford; outro sobre gravitação; e outro envolvendo variados conteúdos. Eles abrangeram tópicos da Física estudados no Ensino Médio e também no Ensino Superior. Já o exame experimental apresentou duas partes: uma envolvendo uma caixa preta de eletricidade, em que o aluno, por meio de experimentos e medidas, deveria descobrir qual o tipo de circuito dentro da caixa, encontrar alguns parâmetros e, em seguida, usar o circuito como um medidor digital e determinar sua precisão. “Praticamente todo circuito elétrico possui capacitores na sua montagem.
Os capacitores são dispositivos que armazenam carga elétrica que podem ser utilizados no cotidiano das mais diversas maneiras: circuitos oscilantes para sintonia de rádio e televisão, circuitos que operam como detectores ou que armazenam energia potencial eletrostática (flash de máquinas fotográficas ), por exemplo”, explica Ronaldo Fogo, coordenador dos cursos especiais de Física do Objetivo e um dos professores que acompanhou a delegação brasileira na Tailândia. O outro experimento envolveu conceitos de mecânica e determinação do centro de massa de um sistema de corpos. Isso, segundo Ronaldo, se aplica à construção de prédios, produção de automóveis, determinação de estabilidade de máquinas etc.
Ronaldo conta que tanto a prova teórica como a experimental foram trabalhosas e difíceis, levando os alunos à exaustão. Ele complementa que esse nível de exigência propicia à IPhO o prestígio internacional pelo qual é reconhecida no mundo acadêmico. “A inédita medalha de ouro conquistada por Gustavo e o bronze obtido por Ivan colocaram o Brasil num patamar de gigantes. A medalha de ouro obtida por Gustavo Haddad é algo fenomenal. Para dar uma ideia de sua importância, existem países que buscam essa medalha desde 1967. Com efeito, ela pode abrir as portas das principais universidades do mundo. Instituições como MIT, Princeton, e Harvard fornecem bolsas de quase 80 mil dólares anuais para estes talentos”.
A Comissão da Olimpíada Brasileira de Física destacou, em nota oficial, o avanço do Brasil em olimpíadas científicas, ressaltando a excelente atuação dos estudantes na IPhO: “Com essa conquista, o Brasil, na IPhO, passa a fazer parte de um grupo Seleto, ficando à frente de países como Itália e Suíça, além de unir-se ao grupo da França e Alemanha, que têm uma larga tradição neste tipo de evento”, diz o texto.
O caminho para a Tailândia
Para chegar à IPhO, os alunos do Objetivo valeram-se do excelente desempenho na Olimpíada Brasileira de Física 2009, que contou inicialmente com 200 mil estudantes dos ensinos Fundamental e Médio. Ultrapassando todas as concorrências, Gustavo Haddad faturou o ouro e Ivan Tadeu, a prata, ficando assim pré-selecionados para a IPhO. A seleção foi feita da seguinte forma: foram escolhidos os 40 melhores estudantes da 1ª série com melhor desempenho na 3ª fase da OBF 2009. Em seguida, por meio de provas específicas, foram selecionados os 13 melhores. Destes, cinco finalistas foram escolhidos de acordo com o desempenho em uma última bateria de avaliações, realizada no Instituto de Física da USP de São Carlos (IFSC).
Sob a coordenação do Professor Euyclydes Marega Júnior, lá eles realizaram provas e participaram de atividades e discussões sobre possíveis temas a serem abordados na competição, além de experimentos envolvendo áreas da física como mecânica, por exemplo. Tanta dedicação tem dado certo: o Brasil vem desde 2000 – ano de sua primeira participação – evoluindo na competição. Além de menções honrosas e medalhas de bronze, em 2008, por exemplo, Guilherme Victal da Costa, aluno do Objetivo, agraciou o País com inédita medalha de prata. Em 2010, Gustavo Haddad e Cássio dos Santos Sousa conquistaram medalhas de bronze, e agora, em 2011, de novo ele, Gustavo Haddad, trouxe ouro e Ivan Tadeu, o bronze.
Fonte: Bagarai Educação
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